Portanto, fiquem com a resenha do show do AC/DC em São Paulo feita por Joel Mangoni:
Foi um dia de extremos: do calor na fila ao temporal que desabou quando já estávamos na pista, seguido por um vento frio. Mas quem disse que vida de roqueiro é fácil?! Não é. E para se ver um show de uma banda ícone, como AC/DC, o caminho é hostil. Não bastassem as 7 horas na fila para comprar ingresso, as 18 horas ônibus para se chegar ao estádio, as 5 horas na fila e as quase 5 horas em pé na pista até o início do show, ainda tivemos o calor e o temporal. Mas e daí? Quando as luzes se apagaram e o vídeo que abre o show apareceu nos telões, tudo sumiu. E tudo que se via era um mar de chifrinhos luminosos piscando por toda a extensão do Morumbi.
O vídeo se desenrolava no palco e aquela tensão boa tomava conta do corpo. Quando eles vão aparecer? Todo mundo sabia como, mas ainda assim não conseguia me livrar da expectativa e a cada segundo as pessoas gritavam mais e mais aumentando a tensão até que se houve um estrondo e eis que surge Angus Young empunhando sua Gibson SG e destruindo com o riff de Rock’n’Roll Train. Confesso que fiquei algum tempo sem conseguir ouvir nada tamanho era o alvoroço no estádio. Os primeiros versos foram cantados em uníssono pelas cerca de 70 mil pessoas presentes. Mal se ouvia a voz de Brian Johnson. Apenas na segunda música, Hell ain’t a bad place do be, pode-se comprovar que Brian continua com excelente voz. A multidão ainda cantava e agitava, mas agora se podia ouvir a sua voz de Brian.
E assim se seguiu o show, entre solos desconcertantes de Angus, que se esquece da idade quando sobe ao palco e uma produção impecável. Eu não podia acreditar que estava ali, vendo o Angus passar pela minha frente solando The Jack, seguida pelo seu já conhecido e impagável strip.
Grandes momentos do show foram Whole lotta Rosie, quando uma gigante boneca foi inflada sobre o trem que compunha o cenário e batia o pé no ritmo da música. E Let there be rock, momento de êxtase para quem é apaixonado por guitarra com os 10 minutos de solo de Angus. Delírio da platéia, delírio deste que vos escreve, que encheu os olhos de lágrimas. Era o Angus, cara!! Sabe aquele cara que eu ouvia quando era adolescente? Pois é, agora ele destruía na guitarra ali perto! Inacreditável! Memorável!
Pausa para o bis e quando os acordes de Highway to Hell ecoam pelo Morumbi, êxtase geral. Se os olhos se encheram de lágrimas em Let ther be Rock, agora é choro compulsivo. Roqueiros barbudos e machões se abraçam, com os olhos úmidos e pulam freneticamente com a música. Cena inimaginável que somente um show de rock puro e visceral proporciona. As músicas podem ser parecidas, mas o rock do AC/DC atinge em cheio a alma de qualquer pessoa. Não há como se manter impassível diante daquele espetáculo. Seu corpo pede para pular, gritar e chorar. É mais forte que sua mente. Vem direto da alma! Isso é rock’n’roll em alta voltagem!
O show se encerra com For those about to rock, clássico da banda com os canhões explodindo durante o refrão e uma multidão ensandecida e triste pois sabia que era a despedida. Cansaço?! Não sei. Ainda não sentia nada, o show podia continuar até o amanhecer. A banda sai de cena e temos um belo espetáculo de fogos de artifício. AC/DC é rock. AC/DC é espetáculo. AC/DC é insuperável no show!
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